quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Desenvolvimento da Sustentabilidade e a Agricultura Moderna

Observando os impactos ambientais provocados pela necessidade cada vez maior de áreas agricultáveis em nosso país e ao redor do mundo, percebemos que continuando tudo como está hoje, muito certamente os recursos destinados a manter a agricultura em níveis elevados de produção não serão mais suficientes para conter a devastação causada pelas mudanças climáticas e por catástrofes ambientais provocadas pelo desequilíbrio ecológico nas áreas agrícolas. Tornando-se tão necessário a divulgação dos conceitos de sustentabilidade na agricultura moderna.
Por isso mesmo, é importante criar mecanismos que permitam o desenvolvimento da cultura de sustentabilidade na agricultura moderna e das boas práticas agrícolas. As necessidades cada vez maiores e mais urgentes por grandes quantidades de grãos e de outros alimentos, provocaram o aparecimento de pesticidas e adubos químicos muito poderosos e que provocaram uma acentuada degradação do solo e dos recursos hídricos nesses locais. Paralelamente a isso, o desmatamento de áreas cada vez maiores vem provocando a eliminação de espécies animais, notadamente de insetos, o que provoca ataques devastadores de pragas que eram controladas por esses seres.
Hoje, as fazendas são como indústrias e exploram a terra com uma dramática eficiência. Além disso, as grandes massas humanas subempregadas, desempregadas ou vivendo em condições sub humanas; podem representar uma verdadeira ameaça a implantação de uma cultura de sustentabilidade no campo. Esse estado de coisas; ameaça diretamente a biodiversidade e eleva os índices de violência e de corrupção nessas áreas.
O desenvolvimento da agricultura moderna juntamente com a sustentabilidade em torno das áreas agrícolas pode ser a chave para que consolidemos a condição de “celeiro do mundo” e sejamos capazes de garantir uma melhor condição de vida para as populações que vivem do campo e em suas redondezas. Reduzir a aplicação de inseticidas, evitar a contaminação de sistemas hídricos e o uso freqüente de adubos artificiais, pode promover uma recuperação das terras degradadas e já está provado que o rendimento por área plantada pode ser o mesmo ou ficar bem próximo do que já é conseguido hoje através das práticas “normais” de cultivo.
Adotando práticas preocupadas com a sustentabilidade, os agricultores poderão manter uma biodiversidade protetora nas áreas agricultáveis e impedir o ataque constante de pragas. O que, por sua vez, reduzirá o uso de inseticidas poderosos. Desta maneira a aplicação de conhecimento e o desenvolvimento da sustentabilidade na agricultura pode promover uma maior conservação dos recursos naturais e da produtividade das áreas exploradas; reduzindo drasticamente o impacto da produção em larga escala no ambiente e otimizando a produção (e os lucros) com um mínimo de influência de elementos artificiais. Em paralelo, essas técnicas podem ser difundidas nas comunidades da área e gerar novas oportunidades de melhoria das condições de vida e fomentando o desenvolvimento das cidades existentes ao redor das áreas produtivas.
O paradigma a ser estabelecido para o desenvolvimento da sustentabilidade na agricultura deve ser a não diferenciação da evolução tecnológica e produtiva do desenvolvimento humano. Além disso, o Estado deve ter um papel decisivo na implementação desses paradigmas e desses conceitos. Fomentando o aprendizado das novas técnicas e dando apoio fiscal e financeiro para os projetos que desejarem trilhar esses caminhos.

FONTE: http://www.atitudessustentaveis.com.br/

Sustentabilidade? O que é Sustentabilidade?

Nunca antes se ouviu falar tanto nessa palavra quanto nos dias atuais: Sustentabilidade. Mas, afinal de contas, o que é sustentabilidade?
Segundo a Wikipédia: “sustentabilidade é um conceito sistêmico; relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana”.
Mas você ainda pode pensar: “E que isso tudo pode significar na prática?”
Podemos dizer “na prática”, que esse conceito de sustentabilidade representa promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele dependem para existir. Pode parecer um conceito difícil de ser implementado e, em muitos casos, economicamente inviável. No entanto, não é bem assim. Mesmo nas atividades humanas altamente impactantes no meio ambiente como a mineração; a extração vegetal, a agricultura em larga escala; a fabricação de papel e celulose e todas as outras; a aplicação de práticas sustentáveis nesses empreendimentos; revelou-se economicamente viável e em muitos deles trouxe um fôlego financeiro extra.
Assim, as idéias de projetos empresariais que atendam aos parâmetros de sustentabilidade, começaram a multiplicar-se e a espalhar-se por vários lugares antes degradados do planeta. Muitas comunidades que antes viviam sofrendo com doenças de todo tipo; provocadas por indústrias poluidoras instaladas em suas vizinhanças viram sua qualidade de vida ser gradativamente recuperada e melhorada ao longo do desenvolvimento desses projetos sustentáveis. Da mesma forma, áreas que antes eram consideradas meramente extrativistas e que estavam condenadas ao extermínio por práticas predatórias, hoje tem uma grande chance de se recuperarem após a adoção de projetos de exploração com fundamentos sólidos na sustentabilidade e na viabilidade de uma exploração não predatória dos recursos disponíveis. Da mesma forma, cuidando para que o envolvimento das comunidades viventes nessas regiões seja total e que elas ganhem algo com isso; todos ganham e cuidam para que os projetos atinjam o sucesso esperado.
A exploração e a extração de recursos com mais eficiência e com a garantia da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a sustentabilidade seja uma prática exitosa e aplicada com muito mais freqüência aos grandes empreendimentos. Preencher as necessidades humanas de recursos naturais e garantir a continuidade da biodiversidade local; além de manter, ou melhorar, a qualidade de vida das comunidades inclusas na área de extração desses recursos é um desafio permanente que deve ser vencido dia a dia. A seriedade e o acompanhamento das autoridades e entidades ambientais, bem como assegurar instrumentos fiscalizatórios e punitivos eficientes, darão ao conceito de sustentabilidade uma forma e um poder agregador de idéias e formador de opiniões ainda muito maior do que já existe nos dias atuais.
De uma forma simples, podemos afirmar que garantir a sustentabilidade de um projeto ou de uma região determinada; é dar garantias de que mesmo explorada essa área continuará a prover recursos e bem estar econômico e social para as comunidades que nela vivem por muitas e muitas gerações. Mantendo a força vital e a capacidade de regenerar-se mesmo diante da ação contínua e da presença atuante da mão humana.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Sustentabilidade é verde

Quanto mais um sistema ou modo de vida está construído sobre o verde e a fotossíntese, mais ele é renovável e sustentável... Até que se apague o sol

O que seria de nós sem a fotossíntese? O que seria de nós sem algas e plantinhas verdes? As algas garantem nosso oxigênio nos pulmões do planeta que são os oceanos. Os vegetais são os únicos seres vivos capazes de transformar e armazenar parte da energia solar em produtos complexos. Esses compostos (açúcar, proteínas, celulose, gorduras etc.) estocam energia e servem de matéria prima às diversas formas de vida.

Pelas leis da termodinâmica, a energia se degrada. Em todo o processo de trabalho, a energia vai se transformando e sendo perdida sob a forma de calor. É o princípio da entropia. Da energia de um tanque de gasolina, quando se usa um carro, o que resta? Apenas o calor dissipado no meio ambiente. O mesmo ocorre com o alimento ingerido. Não é possível recuperar a energia inicial se tentássemos refazer esse ciclo, ao contrário. Tudo termina em calor e resíduos. A atividade humana tem balanço energético negativo.

Mas a principal fonte de energia da agricultura é o sol. E ele está sempre alimentando o planeta com sua energia. Desconsiderando-se essa fonte abundante e gratuita, a agricultura tem um ganho energético positivo na maioria dos processos. Os processos industriais, os serviços e o consumo gastam energia e sempre terão baixíssima sustentabilidade. Quanto mais um sistema ou modo de vida está construído sobre o verde e a fotossíntese, mais ele é renovável e sustentável... Até que se apague o sol.

Os ciclos agrícolas repetem-se há milhares de anos. As plantas absorvem a energia solar e reciclam resíduos. Animais e humanos devoram, consomem, desfrutam e degradam matérias primas vegetais: pastos, alimentos, lenha em padarias e pizzarias, madeira de móveis e casas, borracha de pneus... E petróleo, energia solar armazenada por algas e micro organismos e fossilizada, cujos derivados nos cercam em abundância.

A população humana seguirá crescendo. A demanda por alimentos, matérias primas, energia, bens e serviços também. Para satisfaze-la é necessário não ultrapassar a capacidade de produção dos sistemas naturais nas práticas extrativistas, como a pesca e a coleta de matérias primas nas florestas (madeiras, fibras etc.). Os limites de produção dos sistemas extrativistas já estão atingidos e em muito pouco poderão ser ampliados. O desafio é de gestão. Já o caminho da sustentabilidade e da energia renovável passa pela agricultura moderna, não extrativista. A conscientização ambiental, a racionalização de processos produtivos, o consumo consciente, a economia de energia e as novas atitudes dos cidadãos ajudam, mas não estão na base das soluções. Elas estão no campo e precisa do apoio das cidades. Os tempos de mudanças globais trazem duas preocupações: como reduzir emissões e como retirar o "excesso" de gás carbônico da atmosfera. Soluções de grande magnitude para esses problemas estão na agricultura brasileira e na bioenergia.

Com temperaturas mais elevadas, os países de clima temperado vão se interessar cada vez mais pelas tecnologias sustentáveis para agricultura tropical desenvolvidas no Brasil. O caminho da sustentabilidade é a intensificação da sua agricultura, aumentando a produtividade sem desmatamentos e promovendo uma melhor gestão territorial do agronegócio, com ciência, consciência e tecnologia.

*Evaristo de Miranda é Doutor em ecologia e Chefe Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite